Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade, recomendar conteúdo de seu interesse e otimizar o conteúdo do site. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Confira nossas Políticas de Privacidade e Termos de Uso, clique aqui.

O jornal que todo mundo lê
Publicidade
Colunas
17/06/2025 - 09h26
A palavra do Papa Leão XIV
Confira a coluna escrita por Brígida Borges

A Igreja nos pede que ajudemos a divulgar a palavra do Papa. E nós, cientes e conscientes de nossa missão de batizados não temos como negar. Selecionamos algumas exortações especiais, proferidas pelo Papa Leão XIV na Vigília de Pentecostes, que tivemos conhecimento através de Edoardo Giribaldi da Vatican News e que compartilhamos com nosso leitor:

1- “O Espírito do Senhor está sobre mim”, a invocação do trecho litúrgico tirado do Evangelho de Lucas é retomada pelo Papa, para que o próprio Espírito “visite as nossas almas, multiplique as línguas, ilumine a nossa mente, infunda o amor, fortaleça os corpos, dê a paz, abrimo-nos ao Reino de Deus”. Essa é a conversão segundo o Evangelho: voltarmo-nos para o Reino que já está próximo.

2- “Ele me enviou para levar aos pobres a boa nova, para proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a visão” – continua o trecho litúrgico. É um testemunho vivo, segundo Leão XIV, de uma realidade em constante mudança, “porque Deus reina, porque Deus está perto”. A Vigília de Pentecostes torna-se assim um profundo envolvimento na proximidade divina, graças ao Espírito “que une nossas histórias com a de Jesus”. Estamos envolvidos nas coisas novas que Deus faz, para que a sua vontade de vida se realize e prevaleça sobre os desejos de morte.

3- “Porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor”, cita o Papa. Palavras nas quais ele reconhece “o perfume do Crisma”, com o qual cada batizado e crismado foi marcado, unido “à missão transformadora de Jesus”. Assim como o amor torna familiar o perfume de uma pessoa querida, reconhecemos, nesta noite, o perfume de Cristo uns nos outros. É um mistério que nos maravilha e nos faz pensar. Viver juntos, desafiando todos os dias as divisões “diante dos nossos olhos”. Ele apela mais uma vez a uma “harmoniosa sintonia” recíproca no caminho da história, “tensa entre o  e o ainda não”.

4- Relembra o episódio de Pentecostes: “Maria, os Apóstolos, as discípulas e os discípulos que estavam com eles”, investidos por um “Espírito de unidade”, capaz de reunir “para sempre no único Senhor” a singularidade de cada um. Não muitas missões, mas uma única missão. Não introvertidos e conflituosos, mas extrovertidos e luminosos.

5- Outra memória, remete o Papa à noite da sua eleição: “olhando com emoção para o povo de Deus aqui reunido, lembrei da palavra 'sinodalidade'”. Nela ressoa "o syn – o 'com' – que constitui o segredo da vida de Deus". Deus não é solidão. Deus é em si mesmo “com” – Pai, Filho e Espírito Santo – e é Deus conosco. A sinodalidade é também um caminho – odós – a percorrer. Porque “onde está o Espírito, há movimento, há caminho. Somos um povo em caminho". Essa consciência não nos afasta, mas faz-nos mergulhar na humanidade, como o fermento, que leveda toda a massa. O ano da graça do Senhor, do qual o Jubileu é expressão, traz em si este fermento.

6- No contexto de um mundo “dilacerado e sem paz”, o Pentecostes e seu apelo a “caminhar juntos” assumem força profética. Leão XIV vislumbra isso em uma “terra” que “descansará”; em uma “justiça” que “se afirmará”; na alegria dos pobres. Se não nos movermos mais como predadores, mas como peregrinos, a terra descansará, a justiça prevalecerá, os pobres se alegrarão e a paz voltará. Não mais cada um por si, mas harmonizando os nossos passos com os passos dos outros. Não consumindo o mundo com voracidade, mas cultivando e cuidando dele, como nos ensina a Encíclica Laudato si'.

7- “Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos”, afirma o Pontífice. E essa “consciência”, no âmbito eclesial, leva justamente o nome de “sinodalidade”. Um caminho que levanta questões, convida cada um a “reconhecer a sua dívida”, assim como “o seu tesouro”, sentindo-se parte “de um todo”, fora do qual “tudo murcha, mesmo o mais original dos carismas”.

Reparem: toda a criação existe somente na modalidade do estar juntos, às vezes com perigos, mas sempre um estar juntos (cf. Laudato si’, 16; 117). E o que chamamos de “história” toma forma somente na modalidade do reunir-se, do viver juntos, muitas vezes cheio de dissídios, mas sempre um viver juntos. O contrário é mortal, mas, infelizmente, está diante dos nossos olhos, todos os dias.

8- As associações e comunidades representam, na visão do Papa, “ginásios de fraternidade e participação”, locais “de encontro” e de “espiritualidade”. Estar juntos, portanto, para descobrir como “o mundo” e “os corações” mudam através do “Espírito de Jesus”. Para praticar essa “dimensão contemplativa” que “rejeita a autoafirmação, a murmuração, o espírito de contenda, o domínio das consciências e dos recursos”. O Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade. Portanto, a autêntica espiritualidade implica o compromisso com o desenvolvimento humano integral, atualizando entre nós a palavra de Jesus. Onde isso acontece, há alegria. Alegria e esperança.

9- Levar esta mensagem é evangelizar: não uma “conquista humana do mundo”, mas sim, diz Leão XIV, “a graça infinita que se difunde a partir de vidas transformadas pelo Reino de Deus”. É o caminho das Bem-aventuranças, uma estrada que percorremos juntos, na tensão entre “já” e o “ainda não”, famintos e sedentos de justiça, pobres de espírito, misericordiosos, mansos, puros de coração, construtores da paz. Um caminho já traçado, que não contempla “apoiadores poderosos, compromissos mundanos, estratégias emocionais”. A evangelização é obra de Deus e, se por vezes passa através de nós, é pelos laços que ela torna possíveis.

10- O pensamento final do Pontífice volta-se novamente para as Igrejas particulares, para as comunidades paroquiais. Ele convida cada um a ligar-se “profundamente” a elas, para alimentar e exercer os próprios “carismas”. Em torno dos bispos de vocês e em sinergia com todos os outros membros do Corpo de Cristo, agiremos, então, em harmoniosa sintonia. Se juntos obedecermos ao Espírito Santo, os desafios que a humanidade enfrenta serão menos assustadores, o futuro menos sombrio e o discernimento menos difícil! Que Maria, Rainha dos Apóstolos e Mãe da Igreja, interceda por nós.



Confira Também


Publicidade

no Facebook