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Colunas
01/06/2020 - 11h35
Caminhos a serem tomados após a crise econômica e social que vive o país
Coluna Emprego com Cássio Amaral

Por Cássio Amaral*


Por se tratar de uma crise de origem na área de saúde e não monetária, os governos enfrentam dificuldade em reagir corretamente, na avaliação de especialistas. Os remédios utilizados em turbulências anteriores parecem não ter a mesma eficácia no momento.

Analistas econômicos reconhecem que as recomendações das autoridades médicas para o confinamento social são eficazes para evitar o impacto da primeira onda da crise. Mas é preciso conjugar a prevenção sanitária com ações que ampliem a liquidez do mercado e o aumento de gastos dos governos. É o que muitas economias desenvolvidas têm praticado.Por isso, cada choque econômico deixa uma herança de recordações e feridas. Também de mudanças.

É impossível pensar que essa inimaginável experiência de máscaras, distanciamento social, perdas humanas e cancelamento da vida não trará consequências após o final da pandemia. É cedo para saber exatamente quais. Quanto mais tempo durar a crise, maior será o dano econômico e social.

Os analistas podem demorar anos e até décadas para explicar todas as implicações do que se vive nesses dias. O paradoxal, ou não, é que esse vírus explora as características da vida que nós mesmos nos demos. Superpopulação, turismo maciço, cidades imensas, viagens aéreas constantes, redes de fornecimento a milhares de quilômetros e uma extrema desigualdade na divisão da riqueza e nos sistemas de saúde públicos.

Um efeito a longo prazo dessa experiência pode ser instituições econômicas e políticas mais redistributivas: dos ricos aos pobres, e com maior preocupação pelos marginalizados sociais e idosos. As empresas perceberam o perigo que significa somar dependência e distância. Mas é certo que as redes de produção nacionais também se paralisam no caso de uma pandemia.

O preceito de “segurança nacional” incluirá a redistribuição da riqueza, uma fiscalidade mais justa e reforçar o Estado de bem-estar. A sociedade também deverá apreciar o valor de trabalhos até agora desprezados. Babás, assistentes sociais, faxineiras, cuidadores de idosos. Algumas das contribuições mais subvalorizadas pedem uma consideração bem diferente.

Talvez o novo tempo proponha a lição de que os professores e as enfermeiras são muito mais valiosos do que os banqueiros de investimento e os gestores de fundos especulativos. Que o fastfood e serviços de entrega delivery são realmente uma opção valorosa de trabalho e que para muitos eram apenas entregadores.

Hoje o conceito social muda de uma forma catastrófica, trazendo um lapso incomum na economia e em diversos seguimentos. Capazes de alterar o pensamento sobre alguns CBO (Cadastro Brasileiro de Ocupação). Este até então tomado por alguns aspectos inalteráveis pela governabilidade mecânica, hoje nos leva a rever alguns conceitos e funções, por causa dessa reviravolta desde o início da crise causada pela Covide-19. Pouco a pouco, o futuro econômico se afunila da mesma forma que a luz por uma fresta.

Políticas monetárias cercam o tipo de dinheiro a partir do zero porque a inflação deixou de ser um problema. A economia terá que responder a novas exigências sociais. Políticas fiscais mais expansivas, maior pressão por redistribuir a riqueza e será preciso projetar divisões de gastos extraordinárias diante de novas epidemias e a crise climática. Todas essas questões entre outras tomadas de decisões serão importantíssimas para que o país e as regiões mais afetadas pela crise possam retomar a sua rotina social, econômica e política.

É preciso uma renda básica e qualquer sistema de distribuição semelhante que dê proteção às pessoas em tempos de emergência e de calma. Principalmente após o inevitável aumento do desemprego que o fim do achatamento econômico deixará em algumas regiões de nosso país. Fazer com que o crescimento seja potencializado e mais que isso, cuidar de forma estratégica para que os rastros da crise pós Covide-19, não se arraste por um longo período em nossos dias.


*Cássio Amaral é professor/ Coordenador Fomento de Emprego e Renda Pref. Municipal de Patrocínio.



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