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Saúde
02/04/2020 - 17h31
Confira dicas para manter a saúde mental em tempos de Coronavírus
Conversamos com a Psicóloga Ana Paula Castelo Branco e tiramos algumas dúvidas

Por Stéfany Christina


Diante da crise que estamos vivendo devido ao COVID-19, muitas pessoas tem passado por dificuldades de controlar suas próprias emoções o que acende um alerta sobre como cuidar da saúde mental de todos nesse momento. Por isso, a reportagem do Jornal Gazeta conversou com a Psicóloga Clínica e Educacional, Ana Paula Castelo Branco (CRP 16.196), que deu dicas de como passar pela quarentena e manter a mente saudável. Confira:


Gazeta - Qual a importância de cuidar da saúde mental durante a pandemia de COVID 19?  O que fazer para lidar com a ansiedade e a depressão nessa quarentena?

Ana Paula Castelo Branco - Estamos vivendo um momento delicado no cenário mundial, a pandemia do COVID 19 e a necessidade da união de todos para vencer o vírus.

A incerteza da ciência diante deste quadro epidemiológico nos torna cada vez mais frágeis, inseguros e com medo de tudo que está acontecendo nesse cenário. Percebemos nossa vulnerabilidade e de todos os nossos familiares, amigos e pessoas próximas.

O isolamento social necessário que estamos vivendo agora gera consequências negativas no campo emocional do indivíduo. Esta situação aumenta a sensibilidade emotiva das pessoas, deixam-nas mais ansiosas, com humor deprimido e estresse pós traumático.

Estamos sendo bombardeados pela mídia com notícias catastróficas, onde geramos expectativas do pior. O pessimismo, a visão negativa diante das situações, faz com que o ser humano seja acometido por emoções e sentimentos não bons, o que acaba gerando tristeza, ansiedade, depressão, principalmente nas pessoas mais vulneráveis.

Segundo pesquisas internacionais a crise na saúde pública pode trazer como consequências cenários de depressão, ansiedade e estresse pós traumático. O impacto da pandemia em termos de saúde mental pode afetar principalmente pessoas com problemas de saúde mental preexistentes, incluindo uso de substâncias, crianças, pessoas que estão ajudando no surto, como médicos e enfermeiros.


Gazeta - O excesso de informações pode deixar pessoas que geralmente não possuem doenças mentais, ansiosas/ deprimidas?

Ana Paula Castelo Branco - Com certeza, o excesso de informações recebidas pode deixar as pessoas ansiosas e deprimidas. Lidar com um cenário de catástrofe e morte real e iminente em nosso mundo, sem recurso de cura tangível no momento, é algo devastador para desencadear medo e pânico no ser humano.

No campo das emoções, ansiedade é um disfarce do medo. Imagina o quanto a população tem vivido este medo diante de tal situação?

E diante da insegurança começam buscar cada vez mais informações. Vale ressaltar que há uma grande incidência de fake news circulando nos WhatsApp.  Muitas notícias acabam se tornando campanhas de medo nas redes sociais e desencadeando pânico coletivo.

Então torna-se necessário estar atento às notícias e recomendações dos profissionais de saúde, que estão bem empenhados em orientar e ajudar nossa população. 


Gazeta - É possível que essas doenças possam fazer o corpo apresentar os mesmos sintomas do COVID-19?

Ana Paula Castelo Branco - Diríamos que estamos tão atentos aos sintomas do COVID 19 e que a maioria está sendo acometida por um medo de contrair a doença, que qualquer sintoma sentido semelhante ao do coronavírus, já se imagina que está com o mesmo. A psicossomática explica bem isto, mente e corpo ligados, o que tem origem na alma, no psicológico gerando consequências físicas no corpo.

Pessoas com o humor deprimido e ansiedade elevada tendem a somatizar com uma intensidade maior, sofrem de queixas somáticas.

É importante neste momento que todos tenham conhecimento dos reais sintomas do COVID-19 para sabermos identificarmos se o que se sente é realmente da patologia.


Gazeta - Quais as principais dicas para manter a mente saudável nessa época?

Ana Paula Castelo Branco:

  • Entenda e siga as orientações dos profissionais de saúde para os cuidados necessários neste momento;
  • Procure conhecer a diferença entre Covid-19, gripe e resfriado;
  • O isolamento social é temporário;
  • Aproveite este tempo de isolamento para passar mais tempo com os filhos e pais e realizarem atividades em conjunto (jogos de tabuleiro, trabalhos manuais, desenhos, pinturas, leitura);
  • Envolva-se com atividades e tarefas que lhe deem prazer;
  • Procure manter um estilo de vida saudável, cuide da alimentação, tenha períodos de sono e descanso, faça atividades físicas em casa;
  • Evite excessos de notícias, isto aumenta o stress e a ansiedade;
  • Cuidado com notícias falsas. Procure seguir e se orientar com profissionais da saúde. Nossos médicos e a área da saúde estão fazendo um excelente trabalho em Patrocínio;
  • Cuidem-se. Evite sair de casa e tomem os cuidados de higiene necessários;   
  • Faça sua parte nesta luta contra o COVID-19, isto melhora a autoconfiança;
  • Agora é o momento para cada um atuar com maior engajamento, compreensão e união. Isto ajuda a gerir o stress e ansiedade vivenciados.


Gazeta - Como lidar com a saudade de amigos e entes queridos?

Ana Paula Castelo Branco - Agora é o momento de aprendermos a lidar com esta emoção e percebermos e valorizarmos nossa família, amigos, professores, colegas de trabalho. Só sentimos saudade do que é e/ou foi bom em nossas vidas. Valorize este sentimento: SAUDADE.

O mundo virtual nos permite o contato com as pessoas que estão distantes, agora é hora de explorar isto!!

Mas que tudo isto que estamos vivendo sirva de para nos mostrar o quanto a PRESENÇA das pessoas são valiosas para o ser humano. Não deixem os aparelhos eletrônicos substituírem-nas. O valor humano não tem preço. E lembrem-se: o isolamento social é temporário. 


Gazeta - O que fazer quando uma crise de pânico surgir? Já que agora ir ao pronto socorro pode ser perigoso. Há alguma forma de controlar em casa mesmo? 

Ana Paula Castelo Branco - A crise de pânico é um episódio súbito de medo ou ansiedade intensos e sintomas físicos baseados em uma ameaça imaginária, sem haver perigo iminente. Porém, o que vivemos hoje é a sensação de perigo de contaminação e medo de perder entes queridos. Isto aumenta a probabilidade de ataques de pânico, crises de ansiedade em determinadas pessoas.

Diante de uma Crise de Pânico primeiramente tente se acalmar, procure não se desesperar com os sintomas físicos sentidos (podem ocorrer taquicardia, falta de ar, suor nas extremidades do corpo, dor no peito, formigamento, enjoos). 

Vá para um ambiente arejado, ventilado, procure fazer exercícios de respiração (inspire fundo pelo nariz, segure por três segundos e solte o ar pela boca - faça isto lentamente por uns 3 minutos). Assim o cérebro vai chegando à homeostase e diminuindo o cortisol.

Desvie a atenção dos sintomas. Um dos motivos para que a crise de ansiedade se torne mais intensa é começar a se preocupar com o que está sentindo. Use a imaginação guiada, resgate bons momentos vividos e boas lembranças. TIRE O FOCO DA CRISE. Ela vai passar.


Ao fim a Dra. Ana Paula Castelo Branco ainda reforçou que a automedicação sempre foi desaconselhada pelos profissionais da área médica, “o pânico desencadeado pela pandemia tem levado às compras e uso de medicações sem indicações médicas. Isto pode gerar risco à saúde de quem os consome. E além disso, remédios devem ser utilizados com cuidado e segundo prescrições de um médico ou profissional responsável”, pontuou. A psicóloga atende na clínica de reabilitação Elba Castro localizada na Rua Cel. João Cândido, 506, Centro.



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