Por Stéfany Christina
A diabetes é uma das doenças mais comuns no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, em 2020, 9,3% dos adultos, entre 20 e 79 anos, vivem com a doença o equivale a cerca de 463 milhões de pessoas, e 1,1 milhão de crianças e adolescentes possuem diabetes tipo 1. Esse cenário é ainda mais preocupante no Brasil, o 5º país com maior incidência no mundo, com 16,8 milhões de adultos diabéticos (20 a 79 anos), ficando atrás somente da China, Índia, Estados Unidos e Paquistão.
Segundo dados do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o aumento exponencial que vem ocorrendo ano após ano no mundo se deve a diversos fatores. Dentre eles maior ingestão de calorias, aumento do consumo de alimentos processados e estilos de vida sedentários. Tais números acendem um alerta em torno da doença, pois o número de pessoas acometidas tende a aumentar e muitas vezes a diabetes é silenciosa, onde pode demorar o diagnóstico e favorecer complicações nos pacientes.
Diante disso, a informação tem se tornado uma aliada à prevenção e, para dar visibilidade e de certa forma celebrar o Dia Nacional do Diabetes, a redação do Jornal Gazeta de Patrocínio conversou com a endocrinologista Dra. Karina Alvarenga Ribeiro (CRM 40 811), que esclareceu alguns detalhes da doença.
“Não tenha medo de ter o diagnóstico de
diabetes ou pré-diabetes, quanto antes diagnosticados e melhor tratados,
maior será sua qualidade de vida", Dra. Karina Alvarenga.
O que é?
Segundo definição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), essa é uma doença crônica em que o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina, um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. Quando isso ocorre, o organismo não consegue utilizar a glicose adequadamente, fazendo o nível desta ficar alto (hiperglicemia). Se esse quadro permanece por longos períodos, pode haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
“São vários os tipos de diabetes, mas os mais comuns são os diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional. Temos ainda o gerado pelo alcoolismo de longa data, o tipo MODY que é genético”, conta a Dra. Karina Alvarenga Ribeiro. Além destes, há também o pré-diabetes, a diabetes latente autoimune do adulto e a diabetes desencadeada pelo uso de medicamentos.
Confira algumas características dos tipos mais comuns:
Diabetes tipo 1 — insulino dependente, diabetes infanto-juvenil. Os portadores de diabetes tipo 1 necessitam injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores normais. Esta embora ocorra em qualquer idade é mais comum em crianças, adolescentes ou adultos jovens.
Diabetes tipo 2 — É também chamado de diabetes não insulinodependente ou diabetes do adulto e corresponde a 90% dos casos de diabetes. Ocorre em pessoas obesas com mais de 40 anos, embora na atualidade seja possível ver com maior frequência em jovens.
Diabetes Gestacional — A presença de glicose elevada no sangue durante a gravidez é denominada de Diabetes Gestacional. Geralmente a glicose no sangue se normaliza após o parto.
Normalmente, a diabetes é uma doença assintomática e só pode ser diagnosticada através de exames de rotina. Além disso, por haver vários tipos, ela pode apresentar diversos sintomas distintos entre um tipo e outro. No entanto, quando dão sintomas, os sintomas mais comuns são:
- fome frequente;
- sede constante;
- formigamento nos pés e mãos;
- vontade de urinar diversas vezes;
- infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele;
- feridas que demoram cicatrizar;
- e visão embaçada.
Em relação aos fatores de risco existentes, está:
- idade acima 45 anos (o risco de diabetes tipo 2 aumenta com a idade);
- sobrepeso e obesidade;
- distribuição da gordura — gordura abdominal;
- sedentarismo;
- histórico familiar;
- pré-diabetes;
- diabetes gestacional ou ter dado à luz a pelo menos um filho pesando mais que 4 kg;
- ter pressão 140/90 ou maior;
- ter níveis de colesterol anormais (HDL menor que 35 e triglicérides maior que 250);
- praticar exercícios físicos menos que três vezes por semana; ter síndrome dos ovários policísticos;
- histórico de doença cardiovascular;
- consumir alimentos industrializados e ultra processados com frequência.
Além disso, na Diabetes Tipo 1 há a possibilidade de haver influência genética, portanto, ter um parente próximo com a doença aumenta consideravelmente as chances de ter. E é importante frisar que pessoas com fatores de risco para o desenvolvimento de Diabetes Tipo 2 devem fazer consultas médicas periódicas e exames com frequência.
Pré-diabetes
De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) em parceria com o laboratório farmacêutico Abbott, apenas 30% dos pacientes sabiam o que é a Pré-diabetes e tinham alguma informação sobre a condição.
“Pré-diabetes é a doença que leva a uma alteração do metabolismo que pode evoluir para diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. Acontece quando os níveis de glicemia (açúcar no sangue) são mais elevados do que o normal, mas não são altos, suficientemente, para dar o diagnóstico de diabetes”, informou a Dra. Karina Alvarenga.
Ainda segundo dados da SBD, cerca de 50% dos pacientes nesse estágio vão desenvolver a doença. A boa notícia é que a situação pode ser revertida ou mesmo pode retardar a evolução para o diabetes e suas complicações. Para isso, é necessário ter uma alimentação saudável e fazer exercícios periodicamente, pois tais ações podem reduzir a taxa de glicose no sangue.
Estima-se que cerca de 11 milhões de brasileiros possuem pré-diabetes, e assim como a Diabetes Tipo 2, essa condição é silenciosa, o que aumenta a necessidade de procurar o diagnóstico.
Diabetes tem cura?
Um simples exame de sangue pode revelar se você tem diabetes. Utilizando apenas uma gota de sangue e esperando por três minutos, já é possível saber se há alguma alteração na taxa de glicemia. Se a alteração for importante, novos exames mais aprofundados são realizados para chegar a um diagnóstico.
Assim que é feito um diagnóstico o médico especialista responsável pelo paciente inicia o tratamento. O mais importante nesse momento é controlar o nível de glicose no sangue, para evitar complicações. Portanto, as principais mudanças estão relacionadas ao estilo de vida da pessoa.
“Comida mais saudável, descascar mais e desembalar menos. Realizar atividade física diária e com intensidade adequada para idade e condição cardiovascular. Deixar o tabagismo e diminuir consideravelmente a ingestão de bebidas alcoólicas”, pontua a endocrinologista.
Em relação à insulina, diferente do que é popularmente imaginado, esta é indicada somente em determinados casos. “Apenas os diabéticos tipo 1 ou os diabéticos tipo 2 de longa data que não trataram adequadamente precisam de insulina. No diabetes gestacional também pode ser necessário o seu uso”, explica a Dra. Karina Alvarenga.
Além disso, é importante lembrar que existem outros medicamentos que também são utilizados no tratamento de pessoas com diabetes. A maioria auxilia o pâncreas na produção de insulina, ajudam a diminuir a absorção de carboidratos e aumentam a sensibilidade do corpo à ação da insulina.
“É importante que o paciente saiba que existem medicamentos novos que podem auxiliá-los a proteger o coração e diminuir a chance de complicações. Medicamentos novos não são dados no SUS, mas vale a pena discutir com um endocrinologista, pois os valores estão cada vez mais acessíveis”, conta a Dra. Karina Alvarenga.
Então, diante de toda essa informação, pode-se afirmar que apesar de ainda não haver uma cura para a diabetes, as pessoas diagnosticas podem conviver com a doença e ter uma vida normal, sem medo de sequelas. E a endocrinologista Dra. Karina Alvarenga Ribeiro ainda explica que “o diabetes tipo 2 recém-diagnosticado pode ter remissão com o tratamento correto. E está em estudo de fase final uma medicação que se mostrou capaz de retardar o diabetes tipo 1, isso é fantástico porque são menos anos de uso de insulina e menos incidência de complicações”.
Portanto, ao perceber alguma alteração procure um especialista e tire suas dúvidas, procure informações qualificadas e, se necessário, faça os exames necessários para fazer um diagnóstico eficaz.
“Não tenha medo de ter o diagnóstico de diabetes ou pré-diabetes, quanto antes diagnosticados e melhor tratados, maior será sua qualidade de vida. Busque um médico responsável e capacitado o suficiente para não te julgar, mas te ajudar. Você não precisa mudar o estilo de vida, mas você com certeza pode fazer escolhas mais inteligentes e gradualmente adquirir hábitos saudáveis para melhorar sua qualidade de vida e longevidade”, concluiu a endocrinologista.
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