Há
momentos na história de uma cidade que parecem carregar consigo o prenúncio de
uma nova estação, como uma brisa que renova o ar, abre janelas e permite que
antigas cortinas, por tanto tempo estáticas, balancem com leveza. Esta semana,
o prefeito eleito Gustavo Brasileiro e seu vice Maurício Cunha, diante de uma
comunidade ávida por novas possibilidades, trouxeram uma notícia que, para
muitos, representa esse sopro de transformação. Anunciaram, em coletiva à
imprensa, um processo seletivo aberto ao público para ocupação de secretarias
municipais, um marco na história política de Patrocínio.
O
ato de tornar o processo seletivo público não se reduz a uma formalidade
administrativa; é uma declaração de abertura, inclusão e esperança para aqueles
que, por tanto tempo, se sentiram afastados das esferas decisórias. Num
primeiro momento, o tom aparentemente ambíguo do critério – “aberto a todos,
mas com alinhamento político como fator decisivo” – pode ser interpretado
como um paradoxo, uma tensa justaposição entre movimentos divergentes. Contudo,
essa aparente dualidade é, na verdade, uma convergência necessária entre
competência técnica e coesão política, essencial para a eficiência da gestão
pública.
Ao
abrir as portas para um processo seletivo amplo, Gustavo Brasileiro e Maurício
Cunha reconhecem a relevância de ouvir os talentos, de trazer à tona
capacidades que, muitas vezes, permanecem ocultas diante de um modelo de
seleção mais restrito. Essa abertura é um convite à inclusão e um diálogo com a
sociedade. Todavia, ao estabelecer o alinhamento político como critério
decisivo da seleção, não se promove exclusão, mas sim a garantia de que os
agentes escolhidos estarão comprometidos com os princípios e metas do governo
eleito. Trata-se de assegurar a continuidade e a coerência na execução de um
projeto político que recebeu o aval popular.
O
alinhamento político, neste contexto, é um elemento estruturante para a unidade
administrativa. Ao longo da história, muito se tem discutido sobre os riscos da
fragmentação interna no âmbito do poder público, que muitas vezes resulta em
gestões caóticas e desarticuladas. Assegurar que os ocupantes dos cargos de
direção compartilhem a visão e os valores do governo permite um trabalho
harmônico e evita que conflitos internos comprometam a implantação das
políticas públicas. O que poderia parecer uma restrição, portanto, é na verdade
um compromisso com a eficiência e a coesão.
Ademais,
um processo seletivo que equilibre abertura ao público e alinhamento político
como critério busca unir o melhor da técnica e da política. É uma tentativa de
encontrar equilíbrio entre a inclusão de diferentes vozes e a necessidade de
manter uma unidade de propósito. A identificação de talentos é feita de forma
ampla, aproveitando as competências e experiências presentes na sociedade. Por
outro lado, ao alinhar essas competências com uma visão de governo, garante-se
que a gestão pública opere com uma finalidade clara e com um direcionamento
único.
Historicamente,
Patrocínio tem sido marcada por gestões cujos cargos de liderança eram ocupados
por critérios muitas vezes obscuros, distantes dos valores de transparência e
competência. Nesse sentido, o processo seletivo anunciado revela uma mudança
paradigmática. Trata-se de um governo que não apenas clama por confiança, mas
também se propõe a ser responsável perante os cidadãos. A transparência no
processo, o convite ao público e a inclusão de talentos são expressões claras
de um novo pacto com a sociedade, onde a gestão não é privilégio, mas dever.
Sob
uma perspectiva técnica, essa abordagem contribui também para uma gestão mais
profissional e responsável. A criação de mecanismos de participação pública
agrega à administração elementos de accountability, permitindo que a população
acompanhe os critérios utilizados na seleção dos agentes públicos. A utilização
do alinhamento político, ao ser feita de maneira clara e transparente, também
promove um ambiente de expectativas alinhadas, em que os servidores conhecem as
diretrizes do governo e atuam conforme esses princípios.
Ao
adotar um processo que valoriza tanto a abertura quanto a coesão interna,
Gustavo e Maurício proporcionam um espaço onde a meritocracia se alia à
identidade política. O real desafio para os candidatos não é apenas mostrar
suas qualificações técnicas, mas provar que compartilham de um ideal comum de
desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população. Para o governo, o
compromisso reside na condução ética e equânime do processo, refletindo a
confiança que lhes foi delegada pela comunidade.
Como
bem afirmou Aristóteles, "A excelência é um hábito." Este processo
seletivo talvez represente um esforço para cultivar esse hábito em Patrocínio –
uma tentativa de construir um futuro através do equilíbrio entre a participação
popular e a direção política. Uma administração pública que busca ser
includente, técnica, e ao mesmo tempo comprometida com uma visão clara de
progresso, é, sem dúvida, um avanço significativo na história da cidade. Que
esse movimento seja apenas o início de uma jornada rumo a uma gestão
verdadeiramente conectada com os sonhos e necessidades do povo patrocinense.