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Colunas
13/12/2024 - 12h44
EM PAUTA - RENOVAÇÃO E COMPROMISSO
Confira a coluna do Emerson Miranda na última edição da Gazeta: 4.271

Há momentos na história de uma cidade que parecem carregar consigo o prenúncio de uma nova estação, como uma brisa que renova o ar, abre janelas e permite que antigas cortinas, por tanto tempo estáticas, balancem com leveza. Esta semana, o prefeito eleito Gustavo Brasileiro e seu vice Maurício Cunha, diante de uma comunidade ávida por novas possibilidades, trouxeram uma notícia que, para muitos, representa esse sopro de transformação. Anunciaram, em coletiva à imprensa, um processo seletivo aberto ao público para ocupação de secretarias municipais, um marco na história política de Patrocínio.

 

O ato de tornar o processo seletivo público não se reduz a uma formalidade administrativa; é uma declaração de abertura, inclusão e esperança para aqueles que, por tanto tempo, se sentiram afastados das esferas decisórias. Num primeiro momento, o tom aparentemente ambíguo do critério – “aberto a todos, mas com alinhamento político como fator decisivo” – pode ser interpretado como um paradoxo, uma tensa justaposição entre movimentos divergentes. Contudo, essa aparente dualidade é, na verdade, uma convergência necessária entre competência técnica e coesão política, essencial para a eficiência da gestão pública.

 

Ao abrir as portas para um processo seletivo amplo, Gustavo Brasileiro e Maurício Cunha reconhecem a relevância de ouvir os talentos, de trazer à tona capacidades que, muitas vezes, permanecem ocultas diante de um modelo de seleção mais restrito. Essa abertura é um convite à inclusão e um diálogo com a sociedade. Todavia, ao estabelecer o alinhamento político como critério decisivo da seleção, não se promove exclusão, mas sim a garantia de que os agentes escolhidos estarão comprometidos com os princípios e metas do governo eleito. Trata-se de assegurar a continuidade e a coerência na execução de um projeto político que recebeu o aval popular.

 

O alinhamento político, neste contexto, é um elemento estruturante para a unidade administrativa. Ao longo da história, muito se tem discutido sobre os riscos da fragmentação interna no âmbito do poder público, que muitas vezes resulta em gestões caóticas e desarticuladas. Assegurar que os ocupantes dos cargos de direção compartilhem a visão e os valores do governo permite um trabalho harmônico e evita que conflitos internos comprometam a implantação das políticas públicas. O que poderia parecer uma restrição, portanto, é na verdade um compromisso com a eficiência e a coesão.

 

Ademais, um processo seletivo que equilibre abertura ao público e alinhamento político como critério busca unir o melhor da técnica e da política. É uma tentativa de encontrar equilíbrio entre a inclusão de diferentes vozes e a necessidade de manter uma unidade de propósito. A identificação de talentos é feita de forma ampla, aproveitando as competências e experiências presentes na sociedade. Por outro lado, ao alinhar essas competências com uma visão de governo, garante-se que a gestão pública opere com uma finalidade clara e com um direcionamento único.

 

Historicamente, Patrocínio tem sido marcada por gestões cujos cargos de liderança eram ocupados por critérios muitas vezes obscuros, distantes dos valores de transparência e competência. Nesse sentido, o processo seletivo anunciado revela uma mudança paradigmática. Trata-se de um governo que não apenas clama por confiança, mas também se propõe a ser responsável perante os cidadãos. A transparência no processo, o convite ao público e a inclusão de talentos são expressões claras de um novo pacto com a sociedade, onde a gestão não é privilégio, mas dever.

 

Sob uma perspectiva técnica, essa abordagem contribui também para uma gestão mais profissional e responsável. A criação de mecanismos de participação pública agrega à administração elementos de accountability, permitindo que a população acompanhe os critérios utilizados na seleção dos agentes públicos. A utilização do alinhamento político, ao ser feita de maneira clara e transparente, também promove um ambiente de expectativas alinhadas, em que os servidores conhecem as diretrizes do governo e atuam conforme esses princípios.

 

Ao adotar um processo que valoriza tanto a abertura quanto a coesão interna, Gustavo e Maurício proporcionam um espaço onde a meritocracia se alia à identidade política. O real desafio para os candidatos não é apenas mostrar suas qualificações técnicas, mas provar que compartilham de um ideal comum de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população. Para o governo, o compromisso reside na condução ética e equânime do processo, refletindo a confiança que lhes foi delegada pela comunidade.

 

Como bem afirmou Aristóteles, "A excelência é um hábito." Este processo seletivo talvez represente um esforço para cultivar esse hábito em Patrocínio – uma tentativa de construir um futuro através do equilíbrio entre a participação popular e a direção política. Uma administração pública que busca ser includente, técnica, e ao mesmo tempo comprometida com uma visão clara de progresso, é, sem dúvida, um avanço significativo na história da cidade. Que esse movimento seja apenas o início de uma jornada rumo a uma gestão verdadeiramente conectada com os sonhos e necessidades do povo patrocinense.



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