O Instituto de Patologia e Hematologia Siqueira, Medicina Laboratorial, está realizando o teste rápido para o COVID-19. E para conhecermos melhor a preparação do laboratório, conversamos com o Dr. Lucas Campos de Siqueira (CRM-MG 23089-T), médico responsável técnico do local. Confira:
Gazeta - Como tem sido o dia a dia do Laboratório durante a pandemia de COVID-19? Quais precauções e formas de atendimento têm sido feitas?
Dr. Lucas Siqueira - Essa pandemia logicamente atingiu a todos. Todos os setores produtivos e todas as pessoas da nossa sociedade foram de algum modo atingidos por ela. E o nosso laboratório com certeza não foi diferente, a diferença é que como somos do sistema de saúde, temos a obrigação de se manter ativo, vigilante, atuante. Até mesmo porque temos a obrigação e a importância no sistema de diagnóstico de várias patologias, não só do COVID como as outras doenças que continuam acontecendo e a gente continua trabalhando porque não podemos deixar de atender os nossos pacientes e as pessoas que precisam do laboratório.
Porém, logicamente, houve alterações na rotina, e o volume de pacientes diminuiu muito durante os primeiros dias de quarentena, o período mais duro de quarentena. Estávamos trabalhando em regime de meio-período, com escala reduzida de pessoal, até mesmo para que o contato entre os nossos colaboradores fosse menor. Além disso, estamos tendo um cuidado muito especial com os nossos pacientes, todos que vão ao laboratório e procuram algum de nossos serviços a gente disponibiliza para eles tanto a máscara cirúrgica quanto o álcool em gel e a gente mantem o espaço mínimo de um metro e meio à dois metros entre os nossos pacientes, e com os pacientes de risco o cuidado era redobrado, para que essas pessoas não fossem expostas e que, de maneira alguma, entrassem em contato com outras pessoas, outras superfícies ou outras estruturas que pudessem eventualmente transmitir o vírus.
A nossa rotina de limpeza inclusive foi reforçada com procedimentos novos de assepsia, principalmente nas áreas comuns e nas áreas onde havia mais de uma pessoa trabalhando e onde havia contato dessas pessoas.
Gazeta - Quais testes estão sendo realizados no laboratório?
Dr. Lucas Siqueira - No nosso laboratório por uma decisão do Ministério da Saúde e dos laboratórios de apoio, aos quais estamos vinculados o único exame que estamos realizando é o teste rápido para o coronavírus. Esse é feito no soro, no plasma ou no sangue total, ou seja tem que tirar o sangue da pessoa e é feito um processo que se chama imunocromatografia em coluna, que na verdade é uma plaquinha de uma substância de plástico com uma substância desenvolvida no laboratório, em que o sangue ou o plasma da pessoa que está fazendo o teste é passado por essa fita, e ela é impregnada com o antígeno do vírus, tanto o antígeno IGG quanto IGM e se a pessoa tem os anticorpos essa pessoa vai positivar o teste. A diferença é que o IGM o anticorpo que aparece mais cedo, mais rapidamente, quando a pessoa está infectada, ele aparece por volta do quarto ou quinto dia depois do contágio e se mantem durante algum período, e o IGG é um anticorpo que aparece tardiamente, e se mantem ao longo de muitos meses ou até anos na circulação da pessoa que é o anticorpo que mostra que a pessoa está imunizada. Então esse teste é um que a gente considera rápido, em torno de duas ou três horas após a coleta do sangue conseguimos gerar o resultado para as pessoas.
O convênio que por enquanto é o que está sendo aceito, alguns ainda estão sendo negociados, é o da Unimed, então os outros eu ainda não sei e vai depender de negociação.
Gazeta - Quais empresas já fizeram parcerias com laboratório? E como as empresas interessadas em fazer uma parceria pode entrar em contato?
Dr. Lucas Siqueira - Empresas nós já temos a Expocaccer, acredito que outras empresas estão se mobilizando para fazer parceria de alguns funcionários. E todos os interessados em fazer convenio para a realização desse teste podem procurar o laboratório, no telefone 3831-1226 e conversar com a Bárbara Siqueira Veloso Machado ou com a Ellen Cristiana que elas vão dar as orientações necessárias para que essa parceria possa ser feita, para atender grupos específicos, empresas ou locais onde que as pessoas possam necessitar.
Dr. Lucas Campos de Siqueira (CRM-MG 23089-T), médico responsável técnico do Instituto de Patologia e Hematologia Siqueira, Medicina Laboratorial.
Gazeta - Você poderia explicar qual é a principal diferença dos testes realizados em laboratórios particulares com os realizados no sistema público?
Dr. Lucas Siqueira - Os testes que são realizados pelo governo nos pacientes internados que já estão em situação mais grave, é o PCR, é um teste mais específico, onde a positividade dele nos dá a certeza de que a pessoa está com o vírus naquela hora. Este é um teste mais demorado, ele é enviado para fora, aqui em Patrocínio ninguém realiza esse exame ele é só enviado para fora. Nós não estamos o realizando por conta de uma determinação do Ministério da Saúde onde somente laboratórios que trabalham para hospitais podem realiza-lo em pacientes que estão hospitalizados e que estejam graves. Logicamente poderia ser realizado por outras pessoas em algumas outras situações sim, mas como atualmente existe uma dificuldade maior para fazer esses testes eles estão sendo disponibilizados somente para fazer esse atendimento de pacientes internados em estado mais grave.
Gazeta - Existe alguma possibilidade de a quantidade de testes acabarem?
Dr. Lucas Siqueira - A gente acredita que não vai faltar teste para todos não, existia-se esse risco quando existia a possibilidade de o Ministério da Saúde testar o máximo da população e como temos mais de 200 milhões de habitantes, aí sim iria faltar teste, com certeza. Mas como não houve essa determinação de inicio, inclusive ele é destinado só para pacientes selecionados e internados em estado grave, eu acredito que não vai faltar.
Até mesmo porque existe uma mobilização a nível mundial na produção desses kits, em larga escala, para atender não só a demanda do Brasil como do mundo, em outros locais, principalmente EUA em que a realização desses testes está sendo feita em larga escala e em um volume muito maior do que está acontecendo aqui no Brasil. Mas pelo menos a médio e curto prazo, não vejo a possibilidade de faltar esses testes não e acredito que o uso parcimonioso, por parte da população e até dos colegas médicos, vai permitir que a gente consiga realizar efetivamente o teste de quem precisa e de todos que tenham necessidade.
Gazeta - Quem deve fazer o teste?
Dr. Lucas Siqueira – O teste é indicado especialmente para algumas populações que se apresentam em nossa sociedade. Uma delas, são os profissionais de saúde, todos que lidam diretamente com pacientes deveriam fazer esse teste, porque ele vai indicar se a pessoa já teve contato com o vírus e apresentou imunidade, ou se ela está na fase aguda, se ela está com o IGM positivo. Os outros casos que se colocam para a gente fazer esse teste são os pacientes com contato ou que são confirmadamente positivos, também teriam indicação.
Mas a indicação desses testes, isso é bom a gente deixar muito claro, é que toda a indicação de qualquer exame de laboratório, não só o do coronavírus, deve ser feito por um colega médico. O exame vai ser feito do mesmo jeito, se tiver um pedido médico ou não, mas a interpretação desse exame tem que ser feito por um profissional médico que vai poder, examinando, conversando e acompanhando o paciente, traçar um perfil mais correto.
Gazeta - Há alguma possibilidade de o teste dar errado em pacientes assintomáticos?
Dr. Lucas Siqueira - Existe a possibilidade sim da pessoa estar com o vírus e o exame dar negativo, porque existe uma questão da sensibilidade do teste que é feito e não é 100%. E existe também a questão do tempo, se a pessoa colheu o exame nos primeiros dias de sintoma, ou, às vezes, assintomático, porque teve contato com outras pessoas, os primeiros dias vai dar tudo negativo e a pessoa pode estar com o vírus. Então, não existe uma linha matemática que separa o dia de fazer o teste com o dia de não fazer. Isso tem que ser visto e avaliado por um médico. E tem que ser analisando junto com o paciente, da melhor opção, tanto de exame quanto de orientação pós exame para esse paciente.
Então a gente bate muito nessa tecla que isso é muito necessário e importante que as pessoas tenham esse cuidado, não saiam fazendo exame indiscriminadamente, todos que tiverem dúvidas devem procurar um profissional para ser orientado de como fazer esse teste.
Nós do Laboratório Siqueira, em que eu sou o responsável técnico e médico da unidade, nos colocamos à disposição até mesmo para fazer essa orientação aos nossos clientes, a gente sempre se colocou à disposição, e podemos orientar os pacientes, donos de empresas profissionais de outras áreas, que queiram nos procurar para que a gente possa fazer essa orientação de como proceder para realizar o teste e principalmente de fazer uma avaliação e uma análise desses resultados posteriormente.
Gazeta - Há alguma mensagem que gostaria de deixar para nossos leitores?
Dr. Lucas Siqueira - Eu gostaria de deixar principalmente como mensagem para todos os patrocinenses a necessidade de que ainda nós temos que manter o nosso isolamento social, a cada dia que passa esse isolamento está sendo afrouxado um pouco e em alguns momentos a gente tem visto com muita preocupação o relaxamento grande demais desse isolamento. Eu sei que as pessoas tem necessidade de deslocar de suas casas, eu sei que se tem necessidade até de contato com outras pessoas, mas a gente não pode perder o foco que ainda nós estamos em situação de isolamento social, o isolamento ainda não acabou.
Agora, o mais importante é que as pessoas se conscientizem que não acabou, a pandemia não acabou, a transmissibilidade não acabou, e existe a necessidade de nos mantermos muito alertas, muito vigilantes, por que podemos ter surtos de transmissão muito grande com problemas muito sérios. A gente orienta, pede que a população que deve se deslocar e não tem possibilidade até por motivos profissionais ou pessoais, que usem a máscara, esteja, sempre que possível, higienizando suas mãos, evite encostar suas mãos no rosto, e quem puder se mantenha ainda em casa, quem puder fazer home office, quem puder, de alguma maneira, fazer o seu trabalho longe de outras pessoas, vai ajudar muito.
Nós ainda estamos numa curva ascendente, casos novos estão aparecendo todos os dias, e ainda é muito importante que estejamos mobilizados para conter o avanço dessa pandemia. Eu acho que quem tem parente doente, sabe o quê que é ver um parente numa situação como essa, e a doença ainda não está sob controle total, nós temos aí tratamentos promissores, vários estudos sendo feitos, mas o mais importante é que a gente ainda mantenha-se isolado, lave sempre as mãos da maneira correta, lave o rosto, o nariz e a boca que são os locais onde o vírus penetra e fica encubado durante alguns dias. Então mantenha suas vias aéreas o mais limpas possível, mantenha sua casa arejada e com as janelas abertas porque isso tudo vai ajudar a diminuir a transmissão desse vírus.
Fica aqui o nosso alerta e o nosso pedido, e a nossa solidariedade para todas as pessoas para que nós possamos continuar juntos no enfrentamento dessa pandemia, nós do Laboratório Siqueira, eu Dr. Lucas Campos Siqueira, como médico e responsável técnico do laboratório, me coloco a disposição de todas as pessoas que queiram para que a gente possa efetivamente vencer mais esse desafio e nos tornarmos pessoas melhores sem duvida nenhuma, mais solidarias e mais humanas e sem duvida nenhuma, com muito mais saúde que o que todos nós queremos.