Por Brasil 61
A pandemia da Covid-19 impôs desafios
inéditos para os profissionais da Educação do País quando impediu a ida dos
alunos às salas de aula, transformando o comum ambiente de aprendizado das
escolas em encontros virtuais, por meio da internet, nos computadores, tablets
e celulares dos estudantes.
As dinâmicas de preparação das aulas, de
exposição do conhecimento, participação e integração, tiveram de ser revistas e
aperfeiçoadas com objetivo de manter a qualidade satisfatória do ensino sem
prejuízos de aprendizagem às crianças e jovens dos ensinos infantil,
fundamental e médio, das escolas públicas e particulares, nos estados.
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No início do isolamento era preciso
disponibilizar os conteúdos diariamente de forma rápida e, principalmente, que
pudessem chegar aos alunos, no entanto, isso não ocorreu de imediato e o
professor teve de ser criativo e demonstrar empenho para conseguir ensinar,
mesmo distante da turma.
“Os meninos não tinham acesso a qualquer
tipo de aparelho de conexão. Para tentar amenizar essa situação, nós
conversávamos por meio de textos. A meu ver, lembrou a época da comunicação por
meio da escrita de cartas”, contou Rodrigo Xavier, professor de Artes Educação,
da rede pública de ensino do Distrito Federal.
No Distrito Federal, por exemplo, cerca
de 450 mil alunos foram matriculados na rede pública, de acordo com o governo
local, em 2020. Em março daquele ano, todos tiveram de entrar em isolamento
devido ao coronavírus. As aulas online começaram um mês depois e foram assim
até o início do segundo semestre de 2021, quando os encontros presenciais e
híbridos retornaram nas unidades de ensino – em dias alternados entre escola e
aulas online. Durante o período de pouco mais de um ano, nem todos os
matriculados na rede pública da Capital tiveram acesso rápido às tecnologias,
como os estudantes dos projetos Socioeducativos.
“Nós recebemos treinamento, utilizamos
essas plataformas, postamos as atividades esperando que o aluno pudesse ter
acesso a um computador para ter a aula online, mas, isso não aconteceu. Apenas
no início deste ano, eles começaram a ter acesso à essa plataforma”, relata o
professor Xavier.
Professores da rede de ensino particular também
passavam por dificuldades - mesmo com acesso à tecnologia. A professora de
Línguas Estrangeiras, Nathalia Damacena, relata que a adaptação das aulas
presenciais para o sistema online foi menos traumática, em comparação aos
colegas da rede pública, porque os alunos já estavam habituados com a forma de
aprendizado online e, a escola conseguiu dar suporte aos profissionais
rapidamente. Porém, acredita que parte da turma teve dificuldades para
assimilar o conhecimento durante o período mais crítico da pandemia da
Covid-19.
“A escola deu muito apoio na questão de material,
computador. Mas, nem sempre todos os alunos conseguiram acompanhar ou entender.
Alguns alunos, eu posso dizer, não tiveram aproveitamento de 100%”, disse a
professora.
Novo
Ensino Médio
A mudança das aulas presenciais para
encontros virtuais foi tarefa desafiadora para os professores, durante a
pandemia da Covid-19, e o futuro reserva mais uma grande reviravolta no dia a
dia dos profissionais de Educação. É que, a partir de 2022, o País terá a
missão de consolidar o Novo Ensino Médio. A nova metodologia foi aprovada em
2017 e prevê a implementação da primeira etapa já a partir de janeiro.
A carga horária de estudos vai aumentar
para os alunos e professores, passando de quatro para cinco horas diárias, no
mínimo. Os conteúdos serão agrupados por áreas de conhecimento, e não mais por
disciplinas, e as escolas terão de oferecer atividades extras – Itinerários
Formativos – de formação técnica e profissional.
A ideia é capacitar o estudante do
Ensino Médio para as carreiras acadêmicas nas universidades e faculdades por
áreas de afinidade de cada um e, também, prepará-lo para o mercado de
trabalho.
Para o especialista em Psicologia
Educacional, Afonso Galvão, a efetivação do Novo Ensino Médio vai exigir dos
professores mais capacitação e, sendo assim, impõe aos gestores públicos a
obrigação de investir firmemente na infraestrutura das escolas, nas
tecnologias, nas metodologias, nos salários e na preparação do profissional de
Educação. Na visão dele, sem a devida dedicação que a Educação das cidades
precisa, o Novo Ensino Médio pode levar muito tempo para ser implementado com
vigor nos estados e a principal prejudicada será a própria Nação.
“Em condições
adequadas é possível que se faça uma transição para esse novo modelo em quatro
ou cinco anos. Mas, considerando o descaso histórico pela Educação, é muito
difícil que o Novo Ensino Médio vingue. É necessário que haja, além desse
projeto, responsabilidade dos gestores públicos”, explicou o
especialista.