Dezembro. É prazeroso saber da vida de Patrocínio nesse último mês do calendário. Claro, nos idos tempos ou em “priscas eras” como dizem os saudosistas. Não somente festas natalinas existiram/aconteceram em dezembros que se foram. O comércio da cidade nos anos 60. O porquê o território do Município foi reduzido há 70 anos. O CAP na Loteria Esportiva nos anos 90. Qual o jogo de inauguração do Estádio Pedro Alves. Os cines Patrocínio e Rosário 54 anos atrás. E um cenário resumido e completo de como era Patrocínio em dezembro de 1955 (exatamente há 69 anos).
EM NOVES ANOS, PTC PERDEU MUITA TERRA DE PRIMEIRA – A área do Município já foi muito extensa. Com o tempo, diversos municípios de hoje se emanciparam de Patrocínio. Exemplo: Coromandel e Patos de Minas. Porém, os dois últimos emancipados foram há 70/60 anos. Em 12 de dezembro de 1953, o distrito patrocinense de Serra do Salitre tornou-se município e cidade. Na emancipação, 1.297,7 km² de área passou de Patrocínio para o novo município de Serra do Salitre, incluindo Catiara. Apenas de Salitre ao Tijuco continuaram território patrocinense. Já em 1962, precisamente em 30 de dezembro, Patrocínio perdia dois distritos em uma “tacada” (lei) só. Os distritos de Cruzeiro da Fortaleza e de Brejo Bonito passaram a constituir o município de Cruzeiro da Fortaleza. A área que deixou de ser patrocinense foi de apenas 187,4 km², que se tornou cruzeiro-fortalezense. Portanto, em nove anos (1953 e 1962) o município de Patrocínio foi reduzido em mais de 1.485 km², ou seja, 149.000 hectares de boa terra.
CINEMA NOS ANOS DOURADOS – No dia 18 de dezembro de 1970 (há 54 anos) o luxuoso “Cine Patrocínio” exibiu o filme “Adorável Canalha”, com um dos maiores atores da França, Jean-Paul Belmondo. Logo após, dia 22 de dezembro, esse filme foi exibido no “Cine Rosário” (Praça Honorato Borges). E assim era feito. Os grandes lançamentos cinematográficos eram apresentados inicialmente no “Cine Patrocínio”. Em seguida, reprisados no Rosário. Nesse mês (dezembro), os cinemas tornavam-se também nos melhores cenários para as formaturas dos colégios patrocinenses. Por exemplo, dia 11 de dezembro de 1970, aconteceu a festa dos formandos da “Escola Dom Lustosa”. E no dia 17 de dezembro, a festa do “Colégio Professor Olímpio dos Santos”. Ambas ocorreram no “Cine Patrocínio”. Aos domingos, nas sessões da noite, eram distribuídos pequeno folheto (cor de rosa ou branco) com a programação dos filmes a serem exibidos durante a semana. Isso acontecia na entrada do cinema, sobretudo no “Cine Patrocínio”.
POUCAS EMPRESAS AINDA RESISTEM AO TEMPO – Nos anos 60, não existiam supermercados. Na cidade, havia “Armazém São Lucas”, “Armazém do Povo” (Sr. Rubens), “Armazém Cortes” e “Armazém Irmãos Constantino”. Hoje, existem apenas na saudade. E os bares? “Bar Itapoã” (dos irmãos Ferreira), “Bar do Geraldo” (Praça Honorato Borges), “Bar Cinelândia” (Av. Rui Barbosa), “Bar Elite” (Praça Santa Luzia) e “Bar Caçula”. Talvez exceto um, todos são pretéritos. Essas empresas, com certeza, são retratos na parede apenas. E retratos amarelados: “Autocar-Concessionário Willys” (Jeep, Gordini, Aero Willys, Rural, etc.), “Automig-Ford”, “Posto São Cristóvão” (Revendedor VEMAG), “AutoSilva” (Chevrolet), e “CARPAL” (Volkswagen). “Expresso União”, “Hotel Santa Luzia”, “Café Constante”, “Casas Manuel Nunes” continuam desafiando o tempo. Já “Casa dos Calçados” e “Patrocínio Hotel” existem, hoje, somente na lembrança.
CAP NA LOTECA – Em 1992, “Estádio Júlio Aguiar”, um “jogão” válido no concurso 060 da Loteria Esportiva. Cruzeiro 1, Clube Atlético Patrocinense 1. Portanto, coluna do meio. No ano seguinte (1993), no dia 13 de dezembro, na capital do Zebu, Uberaba 1, CAP 1 (coluna do meio).
PRIMEIRO GOL NO ESTÁDIO FOI GRENÁ – Em 13 de dezembro de 1992 (domingo), Dudu (camisa 10) do CAP marcou o gol na vitória sobre o Galo, por 1 a 0. Também foi a despedida do goleiro-ídolo do Atlético Mineiro João Leite (hoje, político do PSDB). Ele vestiu a camisa nº 1, em 684 jogos do Galo. Principalmente, com Reinaldo, Cerezo e Eder Aleixo.
FESTA NO PAN – Há 32 anos, o Estádio indicava capacidade para 8.000 torcedores (hoje, é 10.250 torcedores). Nessa inauguração da obra do prefeito Silas Brasileiro, estiveram presentes o vice-governador Arlindo Porto, o presidente da Assembleia Legislativa Romeu Queiroz e outras autoridades. E a Seleção de Patrocínio do século XX, somente com atletas da terra amada, foi homenageada. Dedão, Pedrinho, Calau, Macalé e Chapada; Múcio, Gulinha e Bougleux; Totonho, Edward e Ratinho. Essa Seleção é resultado de pesquisa deste autor, com edição e complementos da Revista Presença.
UM RETRATO DE PTC NA DÉCADA DE 50 – A cidade tinha só nove médicos. Entre eles, Dr. Gustavinho (pediatra), Dr. Amir (cirurgião e clínico geral), Dr. Brandão (clínico geral), Dr. Figueiredo (cirurgião e clínico geral), Dr. Michel (clínico), Dr. Joaquim (oculista) e Dr. Gilson (otorrino). Havia somente o Hotel Santa Luzia, sete pensões (entre elas, Pensão Central, Calisto, Rodoviária e Avenida), uma emissora (Difusora), um jornal (Gazeta de Patrocinio), um hospital com somente 41 leitos (Santa Casa), e, três escolas de Ensino Médio (Dom Lustosa, Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio e Colégio Olímpio dos Santos). Na política, o domínio era do antigo PSD e UDN, com uma “beiradazinha” para o antigo PTB (de Getúlio Vargas). E existiam 8.177 eleitores, mas apenas a metade comparecia nas eleições. Na Câmara Municipal, que era instalada no 2º andar da Prefeitura (hoje, museu), eram 11 vereadores, que nada recebiam para compor o Poder Legislativo. E a Rodoviária situava à Rua Artur Botelho (hoje seria em frente ao Mercado Municipal).
