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Colunas
12/09/2024 - 10h11
Tempos de Campanha IV
Confira a coluna do Brígida Borges na última edição da Gazeta: 4.258

     E José Geraldo de Freitas Drumond continua: Há vários sistemas de valores, conforme a tradição cultural de um povo. Assim, os anglo-saxões têm uma filosofia de liberdade e veracidade vinculada à luta e à busca da vitória a qualquer preço, com o consequente desprezo aos derrotados. Para eles a verdade está na diferença entre bons e maus, entre vencedores e perdedores, pois só os vencedores alcançam o paraíso.

Os povos asiáticos, representados pelos japoneses, estabeleceram três abordagens para os valores: a xintoísta, a confucionista e a budista. A primeira reforça as virtudes da fidelidade e da obediência; a segunda prega o consenso e relações sociais de respeito mútuo, a não violência, a persuasão, a busca da harmonia e prevenção do conflito; enquanto o budismo prioriza o bem da coletividade acima dos desejos individuais.

Já os povos latinos têm os seus valores baseados na tradição mediterrânea. Foi no Mediterrâneo, mais propriamente na Grécia, que nasceu a ética ocidental, cujo sistema de valores é anterior ao próprio cristianismo. A ética mediterrânea exibe uma linguagem de expressão do bem e do mal, da virtude e do vício, diferentemente da ética anglo-saxônica, cuja linguagem se refere a direito e poder.

Virtude é um traço do caráter humano socialmente valorizado, enquanto a virtude moral é aquele aspecto moralmente valorizado. A virtude moral consiste na disposição ou no hábito de agir de acordo com princípios, normas ou ideais morais. Virtudes são, pois, qualidades ou excelências morais, importantes para distinguir um profissional com atributos de caráter, indispensáveis para uma adequada atuação, especialmente para aqueles que se dedicam a servir em áreas que têm aplicação direta na saúde ou na qualidade de vida do homem.

     Hoje, diante do desapego da sociedade pós moderna aos valores espirituais e dos profissionais àqueles próprios de sua especialização, consequência da competição desenfreada propiciada pelo mercado de trabalho globalizado, cada vez mais estreito em decorrência do número de profissionais e pela ampliação da área do conhecimento que, por sua vez, leva ao aparecimento de novos profissionais para atender a multidisciplinaridade das profissões hodiernas, surge o apelo à prática da ética da virtude e ao cultivo dos valores morais.

É importante identificar qualidades morais que possam robustecer o compromisso social da profissão e, ao mesmo tempo, estabelecer contraponto com as qualidades morais da própria sociedade, que as expressa por meio de seus cidadãos, ao procurar os serviços do especialista.

Para o profissional tais qualidades podem ser inúmeras, mas, a título de contribuição, distinguiremos: a prudência, a temperança, a coragem, a fortaleza, a justiça, a generosidade, compaixão, a humildade, a tolerância, a misericórdia, a fidelidade, a solicitude e o entusiasmo. No caso dos clientes, razão maior da existência profissional, é de exigir as qualidades morais da sinceridade, confiança, probidade, equidade e tolerância.

Somente pelo exercitar destas virtudes é que uma pessoa poderá se capacitar a refletir e julgar as situações, muitas vezes imprevistas, do cotidiano profissional e propiciarão uma boa análise.

A este respeito, André Comte-Sponville, assim se manifesta: Das virtudes quase não se fala mais. Isto não significa que não precisamos mais delas, nem nos autoriza a renunciar a elas. É melhor ensinar virtudes, dizia Spinoza, do que condenar os vícios. É melhor a alegria do que a tristeza, melhor a admiração do que o desprezo, melhor o exemplo do que a vergonha. Não se trata de dar lições de moral, mas de ajudar cada um a se tornar seu próprio mestre, como convém, e seu único juiz.

Com que objetivo? Para ser mais humano, mais forte, mais doce. Virtude é poder, é excelência, é exigência.

     As virtudes são nossos valores morais, mas encarnados, tanto quanto pudermos, mas vividos, mas em ato. Sempre singulares, como cada um de nós, sempre plurais, como as fraquezas que elas combatem ou corrigem. Não há bem em si: o bem não existe, está por ser feito, é o que chamamos de virtudes.



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