Por Stéfany Christina

A voz é de grande importância para todos, mas só percebemos isso quando temos pequenas perdas, como quando ficamos roucos. Temos nos comunicado cada vez mais através de sons, o que torna a nossa voz um instrumento de grande relevância para o trabalho, sendo também um veículo de expressão e indicador de saúde, e isso desperta a necessidade da conscientização sobre os cuidados que todos devem ter com a mesma.

Por isso, anualmente, desde 1999, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia comemora no dia 16 de abril o “Dia da Voz”. Tal celebração é tão significativa que se tornou internacional em 2003 e desde então visa conscientizar a população mundial sobre os sinais e sintomas que favoreçam o diagnóstico precoce de doenças que podem comprometer a qualidade de vida e a própria sobrevida dos indivíduos.

Pensando nisso, a redação do Jornal Gazeta de Patrocínio conversou com a fonoaudióloga Matiza Sthefany (CRFa. 6–10660) para tirar algumas dúvidas e esclarecer sobre os cuidados que todos devem ter.

Antes de tudo é necessário entender o que é a voz. “A voz é a vibração das pregas vocais (comumente conhecida como cordas vocais) que produz sons e resulta da pressão do ar ao percorrer a laringe. É um dos meios de comunicação, que o diferencia de outro indivíduo”, explicou Matiza Sthefany e ainda acrescentou que todos devem ter seus devidos cuidados com a voz, seja por uso profissional ou não.

“A voz representa a sua identidade, sendo de grande importância para o trabalho, relacionamentos diversos, atividades sociais, por isso, deve ser cuidada para a prevenção de doenças e má qualidade de vida”, Matiza Sthefany.

Por ser um instrumento próprio da comunicação humana é importante sempre ter uma boa higiene vocal, no entanto, como ainda isso não é um assunto comum a população em geral, então quando notam algum problema na voz e decidem ir a um especialista o problema já está agravado. Portanto, fique atento aos sintomas mais comuns de que algo não vai bem.

“O sinal mais relatado é a voz rouca (voz com qualidade alterada). Outros problemas que também podem ocorrer é a voz fraca, cansaço e dor para falar, falhas na produção da voz merecem atenção. Os sintomas tornam-se mais preocupantes quando duram mais de duas semanas”, pontuou a fonoaudióloga. Além disso, uma voz saudável é limpa e clara, emitida sem esforço e agradável ao ouvinte.

De acordo, com a fonoaudióloga Matiza Sthefany, dentre as lesões que pode-se ter, o calo vocal é o mais comum e atinge principalmente profissionais que trabalham com a voz, dentre eles, professores, cantores, vendedores, entre outros. “O que vem a causar essa lesão é o abuso e o uso inadequado da voz. O diagnóstico vem através do histórico clínico, seguido da avaliação do Otorrinolaringologista e por fim o tratamento com o Fonoaudiólogo”, informou.

Já entre as doenças que podem afetar a voz, existe a laringite, inflamação na laringe, causando rouquidão, falha na voz, pode vir a ter tosse, febre e dificuldade para engolir; o câncer laríngeo é um dos cânceres mais comuns que atingem a região de cabeça e pescoço, com causas de rouquidão e até mesmo a disfagia; e os nódulos, lesões de efeito benignas, entre as causas está o uso incorreto.

Para que não haja lesões ou doenças e ter uma boa qualidade de voz é importante reduzir a intensidade colocada na fala, melhorar a condição física e respeitar seus horários de alimentação e de descanso. “O ideal é evitar os abusos vocais, tais como: gritar ou falar muito alto por um longo tempo e principalmente em ambientes ruidosos, articular bem as palavras, não falar com esforço, beber água regularmente. Restringir ao consumo de álcool e fumo”, pontuou.

Segundo o Ministério da Saúde também é importante ter uma boa alimentação, rica em frutas e proteínas, evitar falar por longos períodos, não ingerir leite e derivados, bebidas gasosas e chocolate momentos antes de utilizar a voz continuamente e te cuidado ao cantar de forma inadequada ou abusivamente.

Além disso, é importante lembrar-se de outros fatores que também podem fazer mal às pregas vocais:

• Álcool — danifica agressivamente a saúde vocal. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas provoca irritação do trato vocal, diminuindo o controle da voz, causa irritação aos tecidos da laringe e aumenta a chance de abusos vocais;
• Pastilhas — com presença de efeito anestésico, leva a pessoa a forçar a voz sem perceber, o que levar a irritação;
• Ingestão de bebidas geladas e muito quentes — podendo causar choque térmico;
• Respiração inadequada — a saúde dos tecidos depende de uma boa oxigenação;
• Pigarro — movimentos de alto impacto entre as pregas vocais, podendo agredi-las.

Atenção! Não é indicado fazer exercícios vocais por conta própria, como avisa Matiza Sthefany. “O ideal é procurar um profissional especializado para a eficácia dos exercícios, pois cada um reage de um jeito, o profissional irá adaptar e orientar os exercícios corretos e garantir uma boa qualidade. Exercícios realizados sem acompanhamentos, além de não beneficiar a voz, irá prejudicá-la. O que se pode fazer é evitar conversar em lugares barulhentos, falar mais articulado, ter boa noite de sono, beber água, evitar roupas apertadas e ter uma boa alimentação”, afirmou.

Então, nada de sair fazendo exercícios que vê em vídeos quando estiver com algum incômodo na garganta. Não deixe de procurar um profissional quando sentir desconforto vocal, seja rouquidão, dor, sensação de corpo estranho, pigarro excessivo, perda de voz sem sintomas gripais e permanência de sintomas por mais de 14 dias.

“A voz representa a sua identidade, sendo de grande importância para o trabalho, relacionamentos diversos, atividades sociais, por isso, deve ser cuidada para a prevenção de doenças e má qualidade de vida”, concluiu a fonoaudióloga.