Em um passeio despreocupado pelas ruas, encontrei-me diante da Escola Estadual Dom Lustosa. A fachada, embora diferente, mantinha a essência dos dias que lá frequentei. Parado ali, o tempo parecia se dobrar sobre si mesmo, e as lembranças afloraram tão vivas quanto na época em que o pátio ressoava com o barulho de nossas risadas e passos apressados.
"A educação não é o preenchimento de um balde, mas o acendimento de um fogo", dizia W.B. Yeats. Nessa escola, o fogo da curiosidade e do conhecimento foi aceso em muitos corações, inclusive no meu. Cada sala de aula, cada corredor, cada cantinho escondido era um convite à descoberta. Professores não apenas ensinavam; eles guiavam, desafiavam e inspiravam. Eles eram os arquitetos de futuros, construindo sonhos com o cimento da dedicação e das possibilidades.
Os projetos desenvolvidos, sempre abraçados com entusiasmo pelo corpo diretivo, eram mais do que atividades curriculares. Eram manifestações de uma escola que respirava junto à comunidade. "Leva um vilarejo inteiro para educar uma criança", reflete um provérbio africano. E assim era a Dom Lustosa, uma verdadeira extensão de nosso lar, onde a participação de todos não apenas era aceita, mas esperada e celebrada.
Lembro-me das feiras de ciências, cujas invenções juvenis tentavam resolver os mistérios do universo ou, ao menos, de nossa cidade. Da mesma forma, os festivais culturais, que transformavam o salão de apresentações em palco de manifestações artísticas, unindo vozes em canções que falavam de esperança e de um futuro promissor. Era nosso microcosmo refletindo o mundo, aprendendo com ele e ensinando a ele.
Essa escola não apenas moldou estudantes; ela ajudou a moldar nossa cidade. Com cada aluno que deixava seus portões, um novo cidadão entrava na sociedade, armado com ferramentas para construir, melhorar, inovar. "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo", afirmou Nelson Mandela. Em Patrocínio, a Escola Estadual Dom Lustosa tem sido essa forja de mudanças, sutil mas persistentemente entrelaçada ao crescimento e ao progresso da região.
A saudade que senti, parado diante de sua entrada, é um misto de gratidão e esperança. Gratidão por ter sido parte dessa história, dessa tapeçaria rica em experiências e aprendizados. Esperança por aqueles que ainda caminham por seus corredores, que ainda sentem o frio na barriga antes de uma prova ou a excitação de um novo projeto.
Que eles, assim como eu, possam olhar para trás, um dia, e ver neste lugar não apenas uma escola, mas um capítulo fundamental de suas vidas. Que a E. E. Dom Lustosa continue a ser esse lar de mentes curiosas, onde o passado e o futuro se encontram para celebrar o eterno presente da aprendizagem.
Caminhando
para longe da escola, em meu passeio,
sei que parte de mim sempre permanecerá ali nos ecos de um tempo
formador. Com cada passo que me afastava, crescia o entendimento de que nossa
alma se constrói também dos lugares que amamos. E amar uma escola é, no fim das
contas, amar as inúmeras possibilidades que ela nos mostrou ser capazes de
alcançar. Que a chama acesa na Escola Estadual Dom Lustosa nunca se apague,
pois sua luz é guia para a jornada de muitos que ainda virão.
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