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13/01/2025 - 14h53
PARA NÃO ESQUECER A HISTÓRIA E CULTURA DE PATROCÍNIO
Confira a coluna do Eustáquio Amaral na última edição da Gazeta: 4.274

Inesquecível. É o aniversário de alguém/algo que mora no (nosso) coração. A amada terra Patrocínio é um belo exemplo para quem lhe dedica amor e paixão. Assim, a comemoração de seu aniversário torna-se indispensável para os apaixonados. No caso específico da querida Patrocínio, há duas datas para fazê-la. Uma, 12 de janeiro, “Dia da Cidade”. Neste 12/1/2025 Patrocínio completa 151 anos como cidade. A outra data, 7 de abril, “Dia do Município”. Daqui a três meses, Patrocínio completa 183 anos como município emancipado. Visando jamais esquecer 12 de janeiro é bom recordar fatos marcantes dessa época imperial, quando a “Vila de Nossa Senhora do Patrocínio” transformou-se em “Cidade de Patrocínio”. Época próxima a 1874. Fatos tais como, o ano que os patenses invadiram Patrocínio buscando a emancipação de Patos de Minas. Quem foi Bernardo Bueno? Onde estava o célebre Índio Afonso? O que o primeiro Censo brasileiro registrou sobre Patrocínio e região. E qual a capital escrava (da escravidão) do Triângulo? Vale a pena esse passeio pelo distante tempo.

O MARCO OFICIAL – No dia 13 de novembro de 1873, em Ouro Preto (capital), o governador provincial Venâncio José de Oliveira Lisboa, promulgou a Lei nº 1.995 criando a cidade do Patrocínio. Os patrocinenses agiram rápido. Pois, em menos de dois meses, 12 de janeiro de 1874, instalavam definitivamente a cidade. Como demorava quase um mês cartas (Entre Ouro Preto e Patrocínio), e, o telégrafo ainda não existia, praticamente, na Província de Minas Gerais, a Lei nº 1.995 tornou-se presente de Natal para os patrocinenses residentes. Em duas semanas, os líderes prepararam a documentação e pequeno aparato para o “status” de cidade. Com muita disposição, Patrocínio, em 12 de janeiro de 1874, se constituiu em uma das 73 cidades mineiras, de então. 

PERSONAGENS MEMORÁVEIS DA ÉPOCA – O vigário da única paróquia era o famoso Padre Modesto Marques Ferreira, pais de alguns filhos. Tanto é que é avô do Bispo Dom Almir Marques, único bispo patrocinense. Ambos, moravam na região onde está a avenida que, hoje, leva o nome de Dom Almir. XXXX Dr. Antônio Oliveira Pinto Dias era o juiz municipal. XXXX Político (vereador e agente executivo) Bernardo Bueno da Silva, principal responsável pela elevação de Patrocínio à cidade. Bernardo Bueno era tio-avô do jornalista José Elói dos Santos (pai do jornalista icônico Sebastião Elói). Bernardo fez, inclusive, articulações (presenciais) em Outro Preto, junto ao governo da Província (Estado), visando a criação da “Cidade do Patrocínio”. E uma viagem, ida e volta, Patrocínio-Ouro Preto, levava cerca de dois meses (de viagem) por animais (tropas de viajantes). XXXX Joaquim Antônio de Sousa Rabelo, a lenda Coronel Rabelo, nessa ocasião iniciava a sua expressiva vida política. Monarquista, amigo do Imperador Pedro II, obteve o título nobre de “Barão”. Aliás, o único na história patrocinense. Foi tenente-coronel, depois coronel, da Guarda Nacional (também títulos concedidos pelo Império). Pertencente ao Partido Liberal, foi vereador, agente executivo, deputado e senador eleito (mas não tomou posse, pois dependia de confirmação do Imperador. Essa confirmação não houve devido a saga do assassinato do juiz Ottoni). Cel. Rabelo, abastado fazendeiro, residia em 1878 na Praça da Matriz, conforme a mais antiga foto de Patrocínio, guardada na Biblioteca Nacional. XXXX Nessa ocasião da criação da cidade, o mais célebre personagem da história de Patrocínio, o Índio Afonso, patrocinense, residia na região do Rio Paranaíba (divisa de Minas Gerais e Goiás), porém frequentava as fazendas da Família Rabelo. O Índio Afonso é o herói de um dos três maiores best-sellers, do escritor Bernardo Guimarães, que escreveu o livro intitulado Índio Afonso, em 1873. 

ADVENTO DA CIDADE, “GUERRA” ENTRE PATROCÍNIO E PATOS DE MINAS – Patrocínio, por volta de 1865, já sonhava em ser cidade, pois Estrela do Sul (ex-distrito patrocinense) já tinha sido elevada à cidade, em 1861. E Araxá, em 1865. Nesse cenário, o distrito patrocinense de Santo Antônio dos Patos da Beira do Rio Paranaíba (nome comprido mesmo!) movimentava-se para a sua emancipação. Por direito, Patos já tinha um vereador na Câmara de Patrocínio. Por volta de 1865-1866, os patenses teriam “invadido” Patrocínio, armados, em busca de sua liberdade (emancipação). Segundo as narrativas históricas, cerca de 140 pessoas vindas (a cavalo e outros) do distrito, sob a liderança da Família Maciel, teriam se dirigido à Câmara Municipal, localizada no grande Largo do Rosário (hoje, Praça e Escola Honorato Borges) para obrigarem os vereadores a concordarem com a emancipação. Os vereadores e patrocinenses reagiram, travando-se intenso tiroteio. Todavia, em 30/10/1866, pela Lei Provincial nº 1.291 foi criado o Município e Vila de Santo Antônio dos Patos. Face a resistência patrocinense, a instalação do novo município somente ocorreu em 29/2/1868.   

COMO ERA PTC EM 1874 – Havia três freguezias (com “z”), que eram distritos: Patrocínio, São Sebastião da Serra do Salitre e Sant’Anna do Pouso Alegre do Coromandel (incluindo Abadia dos Dourados). População toda católica, segundo o Censo de 1872. Patrocínio contava com 11.642 “almas” (termo do Censo). Considerando as três “freguezias”, Patrocínio era o município mais populoso do Triângulo, no Império. A igreja Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio tinha duas torres.   

CAMPEÃO DOS ESCRAVOS: PATROCÍNIO! – Esse Censo registrou 7.177 escravos em território patrocinense (formado pelas três “freguezias”). Serra do Salitre, que pertencia então a Patrocínio, tinha 3.830 escravos. Patrocínio, a “freguezia” de N. S. do Patrocínio, contava com 1.699 escravos. Do outro lado, como população livre, Patrocínio era o vice-campeão. Perdia para Bagagem (Estrela do Sul).  

MUITOS AFRICANOS E PORTUGUESES – O município de Patrocínio acolheu 84 estrangeiros, em 1872. Da África, 60 escravos e 13 pessoas livres. De Portugal, mais 10 pessoas. E uma pessoa italiana. A maioria solteira, entre esses estrangeiros.  

TRISTEZA: QUASE TODOS ANALFABETOS – Das 11.642 “almas” da “freguezia” ou “Parochia” N. S. do Patrocínio, 10.946 pessoas eram analfabetas. Ou seja, 94%. E só 696 alfabetizadas. Nenhum escravo sabia ler. 

PROFISSIONAIS PRINCIPAIS – Dois padres, dois “phamacêuticos”, um só professor, um médico (novidade), dez militares e nove funcionários públicos. Isso entre os liberais. Já quanto às profissões manuais, 761 costureiras (número expressivo), 3.299 lavradores e 2.400 “domésticos”. Além, de 12 pedreiros, 33 sapateiros e 64 “commerciantes”. Havia também outros profissionais com menor número.

“UMA ANDORINHA NÃO FAZ VERÃO” – Mesmo considerando a marcha de Lamartine Babo e João de Barro: PARABÉNS PATROCÍNIO PELO 12 DE JANEIRO!



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